16 August 2006

Hoje foi mais um dia praticamente dedicado a resolver burocracia. Fui de manhã na imigração, que fica em Shinagawa. Apesar de ter que pegar um metrô e um trem para chegar lá, Shinagawa fica a apenas uns 40 minutos da minha casa. Estamos falando de Japão porque na Nova Zelândia em 40 minutos eu chegaria a uma outra cidade. Ah! Depois de chegar na estação Shinagawa, eu tive que pegar um ônibus para o prédio da imigração. Aliás, achei a passagem do ônibus até meio salgada, custou 200 Yen – cerca de dois dólares americanos. Achei caro porque o trajeto não foi longo. Tudo bem que o ônibus tinha ar-condicionado e sistema de som informando os nomes da paradas em japonês e inglês, mas considerando que o ônibus só faz o trajeto estação-imigração-estação, acho que o preço da passagem poderia ser mais baixo. Enfim...

Bom, fui na imigração para pegar informações sobre como trocar meu visto (de dependente para visto de trabalho) e, também, pegar os formulários para Paul e eu pedirmos vistos de entradas múltiplas - o que temos agora não nos dá direito a sair e voltar para o País. Eu, demente, não levei meu passaporte. Isso porque meu plano era fazer uma “consulta” e não resolver coisas exatamente. Desculpa de amarelo, eu sei. Então, quando a mulher me informou que a troca do meu visto demoraria coisa de três semanas, e que eu não precisava pagar taxa alguma pelo serviço, veio o arrependimento por não ter levado o passaporte logo de cara.

Bom, peguei o ônibus de volta para a estação do metrô e, na estação, parei para tomar um café (gelado porque o calor tá de matar) e, enquanto eu pensava na morte da bezerra, o Peterson me ligou. Nós dois concordamos que, se dava tempo, eu deveria voltar em casa, pegar o bendito passaporte e ir de novo na imigração porque, assim, eu já resolvia isso. Foi exatamente o que fiz.

Cheguei de volta na imigração pouco depois das duas da tarde. Dessa vez, munida dos documentos necessários (passaporte e o alien card), formulários devidamente preenchidos e também paciência porque quando eu vi, ainda pela manhã, a multidão que esperava dentro do prédio, imaginei que iria ficar ali, pelo menos, umas três horas. Que nada! Tudo muito organizado. Diferente do Serviço de Imigração da NZ, aqui cada coisa tem seu canto certo. Você não resolve tudo na mesma fila. Mas, a NZ tinha o mérito de muita coisa poder ser resolvida pela internet. Enfim, como eu tinha duas coisas para resolver, observei que fila andava mais rápida para esperar nela, e peguei o número de atendimento para a fila seguinte. Meu plano quase deu certo. Eu fui atendida primeiro no setor onde eu solicitei a troca do visto. Cheguei ainda a tempo de ser chamada na próxima seção, mas eu não sabia que eu já deveria ter pago a taxa para solicitar o visto de entradas múltiplas. Eu sabia que tinha que pagar, mas achei que seria depois daquela fila. Bom, peguei um novo número e desci para o primeiro andar e fui pagar a taxa: 6 mil Yen – mais ou menos 60 dólares americanos. Espere coisa de mais uns 10 minutos e sai da imigração com tudo resolvido – o novo visto já estampado.

Voltando ao ônibus, aqui, como na Nova Zelândia, não existe a figura do “trocador”, mas aqui o motorista nem pega no dinheiro. Você coloca numa máquina que vai contando suas moedinhas e se tiver troco, a máquina “cospe” o troco para você. Não há erro humano. O mesmo sistema a gente viu num supermercado ainda perto do hotel onde estávamos hospedados. Deve ser um alívio para o caixa, heim? Afinal, ele não terá que tirar do próprio bolso ou ser repreendido se algo sair errado. Ele não tem qualquer envolvimento com a transação. Bárbaro!

Quando cheguei de volta à estação, eu lembrei que a estação onde fica o Consulado do Brsail não era muito distante de onde eu estava e que eu deveria ir lá para me cadastrar – como fiz na Nova Zelândia. O cadastramento é interessante para o caso de haver necessidade do consulado entrar em contato com você. Também é bom para dar uma noção ao Governo Brasileiro e ao Governo Japonês de quantos brasileiros legais existem por aqui. Munida de boas intenções, peguei o trem e lá fui eu toda feliz resolver mais uma coisa. Dei com a cara na porta! O Consulado fecha para atendimento às 2.30pm. Não sei que horário louco é esse, mas “em Roma, faça como os romanos”. Anotei na minha agenda: Consulado do Brasil - das 8.30am às 2.30pm. Sei que ficar comparado NZ e Japão pode ser um saco para vocês, mas é meu referencial... Na NZ a gente resolvia muita coisa com a Embaixada pelo site. Eles explicam que tipo de documentação era para isso ou aquilo, se era possível resolver via correio e disponibilizavam formulários on-line. Aqui não. Temos que ir lá pessoalmente. A Sandra, vice-cônsul na NZ, me explicou que o problema aqui pode ser a demanda e que eles talvez não tenham funcionários suficientes para anteder as pessoas e ainda manter o site. Vai ver é isso...

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Aqui tem zilhões de padarias, especialmente nas grandes estações de trem ou metrô. Hoje, depois de muito resistir, parei em um para comprar umas coisinhas. Tive que comprar pela cara porque a explicação do que se tratava estava em japonês. Lógico que croissant com chocolate tem a mesma cara em todo canto. Mas, eles têm milhões de pãezinhos por aqui. O cheiro é uma delícia, mas vai saber, né? Comprei dois para Paul: um com bacon e outro com uma salsinha. E comprei para um com milho. De sobremesa, para os dois, croissant de chocolate. A farra custou 700 Yen.

Eu estava faminta e antes de avançar nos pães, eu resolvi comprar sushi para o meu almoço. Engraçado é que eu comia mais sushi na NZ do que tenho comido aqui. Pois bem, comprei meu sushizinhos e me vi diante de um problema. O lugar onde eu comprei era tipo take way, você escolhe, paga e leva. Eu pensei que seria bem fácil encontrar um lugar para sentar e saborear meu almoço. Não foi. Quando finalmente achei um banco (tipo de praça) para sentar e degustar os sushis, as pessoas que estavam ao lado me olharam de forma estranha. Eu ignorei solenemente e fiz minha boquinha. Depois, lógico, joguei as embalagens no lixo (cada coisa no seu lixinho próprio).

Amanhã tô indo com a Margareth, a Márcia, a Vânia e o Dênis para Oizumi – cidade a mais ou menos 2h e meia daqui de Tóquio e que tem uma grande concentração de brasileiros. Ontem à noite eu estava lendo um catálogo de produtos e serviços direcionados aos brasileiros e a maioria das lojas ficava em Oizumi. Até comentei com Paul que queria ir lá, aí hoje quando abri meu email tinha mensagem da Margot falando sobre a ida deles para lá amanhã. Quase pulo de espanto pela coincidência. Amanhã eu conto como foi essa imersão a um pequeno Brasil.

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