10 February 2006

Tô com uma inflamação no braço esquerdo e outra no joelho direito. Aí, fui ontem no ortopedista em busca de algo que aliviasse minha dor. A do joelho direito é coisa velha. Vem desde os meus 14 ou 15 anos quando cai da bicicleta apoiada no joelho. Como nunca fui exatamente magrinha, o impacto casou danos "eternos". De vez em quando, volta a doer. Uma vez um médico me falou que teria que operar. Mas, esse médico opera todo mundo. Então, achei melhor não operar. Outro me disse que tinha água e que tinha que tirar. Mas, toda vez que lembro dele descrevendo o tratamento eu me arrepio toda.

Então, como quase tudo na vida que não está quebrado (porque se quebra, a gente conserta, né?), vou levando. Acredito que dessa vez meu joelho está irritado, como o médico descreveu, por conta da esteira. Mas, ele garantiu que é só colocar gelo por 10 minutos toda vez que eu terminar a esteira e tudo ficará bem. Ah! Também devo fazer alongamento antes. Tranquilo!

Já o braço o caso é mais complicado porque a causa é incerta. O médico acredita que é devido ao fato de que meus músculos das costas e dos ombros estão muito rígidos. Com isso, o músculo do braço está fazendo mais esforço do que deveria. Mas, aí eu perguntei: "mas, isso não deveria acontecer com o braço direito?". Ele respondeu que seria mais comum, mas pode acontecer com o outro lado menos usado também. Enfim, ele fez um monte de movimentos com meu braço, fez massagem, estalou minhas costas e todo ritual exigido. Não passou remédio. Me deu uma folha com exercícios de alongamento que devo fazer a cada 3h de trabalho. E é isso. A dor não está tão forte como ontem, mas ainda está aqui comigo... Volto no médico na terça-feira.

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Bom, o médico é no centro, mas a caminhada de volta do consultório para o escritório me exigiria mais uns 20 minutos (caminhando em ritmo acelerado). Mas, como o médico tinha torcido e retorcido meu joelho, o coitado estava meio dolorido. Ainda pensei que talvez fosse bom caminhar um pouco, mas eu já estava uns 30 minutos além do meu horário de almoço. Resolvi, portanto, pegar um táxi. Uma decisão não poderia ser mais infeliz do que essa.

Entro no táxi e começa o seguinte diálogo:

- Por favor, Hobson Street.
- Onde?
- Hobson Street
- Onde?

A essa altura eu estava desconfiando de duas coisas: 1) meu inglês precisa melhorar e muito; 2) o taxista não conhecia o centro da cidade. Continuando...

- Você sobe pela Victoria Street e dobra à esquerda depois da Sky Tower (explico eu)
- Eu sei, mas que altura da Hobson Street? Porque são menos de dois quilômetros.
- Já no final, perto do trecho para pegar as motorways.

Ele olha para mim com cara de quem foi possuído por uma força das trevas:

- A senhora deveria ter me dito e também deveria ter pego o último taxista da fila e não o primeiro. O último taxista ficaria feliz em levá-la porque ele está no fim da fila. Então, qualquer coisa que vem é lucro. Eu não! Porque demora um tempo para chegar ao topo da fila e aí pegar uma corrida pequena não é bom.
- Como é que eu deveria saber disso?
- Eu estou lhe falando agora. (fazendo aquela cara de que era a última criatura do mundo que não sabia dessa regra universal de como usar o serviço que ele está, praticamente, se recusando a oferecer)
- Ok. Não precisa me levar. Eu vou procurar outro táxi.
- Não. Eu levo.

Depois de 5 minutos, chegamos ao meu destino. Ele olha para mim com cara de poucos amigos e me diz que custa 5 dólares. Tiro da bolsa uma nota de $20 que eu tinha acabado de tirar do caixa eletrônico somente para pagar o táxi. Novo momento de tensão...

- 20 dólares???
- É tudo que eu tenho.
- Mas, a corrida custou 5.
- Mas, eu só tenho 20.
- E o que eu devo fazer? Lhe dar todo o meu dinheiro trocado?
- (eu já p* da vida) Você pode aceitar ou eu não pago a corrida.
- A senhora deveria ter me dito.
- Eu devia ter lhe dito tanta coisa, né? (eu pensando em todos os palavrões que deveria ter dito e não te disse porque, lógico, fiquei com medo dele).

Quando conto o episódio a Paul, descubro que sou uma pessoa cheia de direitos. Paul (e meu chefe também confirmou) disse que eu poderia ter ligado para a polícia e ter informado o episódio. Ele teria o registro dele de taxista cassado. Taxista não pode se recusar a fazer corrida aqui. Mesmo que seja de um quarteirão. Eu também poderia ter pego o número de registro dele e ter ligado para o órgao que é um tipo de Detran e ter informado todo o episódio. Novamente, ele seria punido. Também deveria ter dito a ele que iria ligar para a empresa a qual ele é credenciado e dizer que tinha o dinheiro para pagar a corrida, mas que outra pessoa, por favor, fosse pegar comigo porque me senti intimidada pelo motorista.

Eu sei que eu não faria nada disso. Poderia até mencionar, mas teria o cuidado de estar com meu corpo (emagrecido 5.5kg) fora do carro. Afinal, tem muito doido solto no meio do mundo. Dentro do carro dele, mesmo em tendo um celular em mãos, muito poderia acontecer. Eu teria mais a perder do que ele - considerando que ele é mentalmente perturbado. Mas, é bom saber que tenho direitos. Embora duvide que vou entrar em um táxi novamente sozinha por um bom tempo. Haja floral!!!

1 comment:

stella said...

frô, esse taxista até parece brasileiro!