10 October 2005

Pagar para ver TV?

Essa foi a pergunta que fiz a Paul quando ele me informou que há alguns anos se era obrigado a pagar uma taxa por ter TV em casa. Essa taxa tinha um objetivo "nobre": ajudar na produção de programas locais e manter a cultura neozelandesa no ar. A questão é que a taxa era compulsória e muita gente não concordava em pagar. Paul era um deles. "Eu não assisto TV, embora tenha em casa, e não acredito que as produções locais sejam merecedoras do meu dinheiro. Sem contar que o dinheiro que eles faziam com as propagandas deveeria ser suficiente para manter a produção dos programas", argumentou Paul.

O sistema funcionava da seguinte forma: o governo mandava um fiscal na sua casa que perguntava se você tinha TV. A resposta de quase todo mundo era "não". Confirmei a história com meu chefe, que disse que o governo, durante um tempo, passou a mandar os fiscais à noite. Era impossível negar que aquele festival de luz que vinha da sua janela não era produzido por uma TV. Ele também comentou que as pessoas que eram abordadas durante o dia e negavam ter TV eram imediatamente questionadas sobre a antena no telhado. Ele disse que muitos regiam assim: "antena? que antena? deve ser do antigo morador". Acho que, diante da dificuldade de cobrar a taxa, o governo desistiu. Ela ainda existe, mas agora é opcional.

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Continua chovendo E MUITO por aqui. Também tem feito frio. Uma ducha fria para mim e Paul, que tínhamos planos de andar bastante de bike no final de semana. Mas, não podíamos arriscar. No final de semana passado, ignoramos o aviso claro de que iria chover e fomos pedalar assim mesmo. Eu acabei pegando uma "gripe passageira" com a trela.

Falando em doença, por aqui a maioria das empresas garante aos empregados seis dias para ficar doente por ano (se a pessoa tiver mais de 6 meses de contrato assinado). A principal diferença, em relação ao Brasil, é que não é preciso mostrar atestado médico. Você tem direito ao "sick day" e pronto! Claro que muita gente acaba usando quando não está doente, mas assim seria em qualquer lugar do mundo. Imagino que casos especiais são analisados se houver um parecer médico indicando que a pessoa precisa de mais do que seis dias.

Outro ponto: gestante tem direito a três meses de auxílio-maternidade (dizem que não é muito). Até aí, nada demais. Mas, a nova mamãe pode ficar em casa muito mais tempo do que isso. Aqui, as empresas são obrigadas por lei a "segurar" sua vaga por até um ano. Isso mesmo, doze meses. Se a mamãe tiver uma boa poupança ou um marido rico, pode ficar em casa até o primeiro aniversário do filhote. Nada mal, heim?!

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Ontem, eu tava tentando explicar Paul porque tantos brasileiros lutam por um emprego público. Depois que expliquei tudo a ele, ele disse: "tá, então é mais ou menos porque vocês querem ter um emprego seguro e estável?". Eu concordei, mas resssaltei que também, em alguns casos, o salário é menor. Ele comenta: "ah, tá! Vocês precisam de um emprego público para garantir os mesmos direitos e benefícios que a gente tem aqui nas empresas privadas". Fechei o bico!

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