02 September 2005

A primavera chegou!

A cidade hoje amanheceu coberta por uma névoa. Da varanda do nosso apartamento, onde sempre tenho uma vista bem bonita da cidade, hoje não se via nada. Apenas uma grande nuvem branca que cobria boa parte do centro e também a ponte que nos liga a North Shore. Isso não significa, contudo, que esteja mais frio. Tá ficando mais agradável. Aliás, hoje é o primeiro dia da primavera. Está cada vez mais perto do verão.. que bom! É engraçado que aqui a gente passa nove meses do ano esperando o verão. É uma gestação mesmo.

Ontem eu e Paul fomos ao cinema. Vimos um filme lesinho: "Beauty Shop". Conseguimos dar umas risadinhas, mas em certas partes o filme é bem monótono. Era só para relaxar depois de um dia intenso de trabalho e, para esse fim, o filme cumpriu seu papel. Sessão pipoca mesmo.

Agora vamos aos fatos: um motorista da Nova Zelândia foi condenado a três anos de prisão por dirigir bêbado. Calma! Não fiquem pensando que bebeu, vai para cadeia. A questão é que o bebum já foi flagrado 24 vezes dirigiindo com o teor de alcóol no sangue acima do permitido pela lei. Já passou também um tempinho na prisão e foi desqualificado para dirigir. Pois é, o rapaz não aprendeu a lição e, logo depois de ser solto, voltou a comenter o mesmo erro. Foi, novamente, desqualificado para dirigir, e voltou para trás das grades.

A Nova Zelândia está em clima de campanha eleitoral. Dia 17 de setembro acontece a votação para eleger os representantes locais e o novo primeiro ministro, caso Helen Clark não seja reeleita. O interessante aqui é que não se vota no candidato e sim no partido. Você escolhe o partido, aí aquele que tem maior votação designa o primeiro ministro, que é o líder do partido. Os dois partidos que estão à frente da disputa são o Labour e o National. Ontem ouvi um comentário no rádio bem interessante de que, na verdade, Helen e Don (o líder do National) fariam um bom time. Eles juntos seriam o melhor para NZ. Isso porque Helen tem um lado social mais aguçado do que ele e Don tem um lado de negócios mais apurado do que ela.

As propostas dos dois são bem diferentes. A primeira ministra é a favor de continuar com os benefícios que o governo oferece para, por exemplo, mães solteiras e os desempregados. O Don quer cortar tudo. Não de forma radical. A questão é os benefícios são pesados demais para quem não os recebe. Eles representam um bom percentual do imposto que pagamos - que é considerado alto. No meu caso, 20% do meu salário, mas para quem recebe acima de $40 mil/ano, sobe para mais de 30%. Sem contar que as mães solteiras recebem o benefício até os filhos completarem 18 anos. Convenhamos que é compreensível ela não "poder" trabalhar quando a criança ainda não vai para escola (aos 5 anos), mas 18 anos é um pouco demais!

Em relação ao benefício para os desempregados também há um certo "abuso", digamos assim. A pessoa pode receber o benefício a vida toda. O pior é que muitos recebem o benefício e também trabalham. Eles driblam o sistema recebendo em dinheiro, não tendo, portanto, que pagar taxa. Assim, ninguém fica sabendo que o beneficiário está trabalhando. Outro dia conversando com meu chefe sobre isso, ele explicou que alguns até tentam voltar ao mercado de trabalho depois de um tempo, mas não conseguem porque as empresas não os vêem com bons olhos depois de tanto tempo recebendo o benefício. Ele também falou que o serviço social tenta recolocar algumas no mercado de trabalho e selecionam ofertas de trabalho (via jornal ou websites) para que eles se candidatem à vaga. Ele, meu chefe, disse que algumas dessas pessoas vieram aqui para serem entrevistadas para vaga que hoje ocupo, mas elas boicotam a própria entrevista. Ou seja, algumas dessas pessoas não querem mesmo trabalhar. Como ninguém do serviço social liga para saber como foi a entrevista, o que vale é que o beneficiário não conseguiu a vaga.

Acho legal se ter uma rede de amparo social, mas alguns abusos precisam mesmo ser corrigidos. Se isso representa redução do imposto para os trabalhadores, melhor ainda. Mas, nem tanto ao mar e nem tanto à terra. O ideal, em qualquer país, seria encontrar a melhor forma de resolver as coisas considerando os indivíduos e os aspectos econômicos. Sonha Pollyana!

Eu ainda não tenho direito ao voto. Só podem votar aqueles que já têm visto de residência ou são cidadões. Mas, não vejo a hora. :)

Agora, vou-me. O dever me chama. Espero que vocês curtam esse novo cantinho.

Beijos e mais beijos para todo mundo!

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