07 March 2006

Na Nova Zelândia o voto não é obrigatório, mas preencher o formulário do censo é sim. Quem não o fizer, pagará multa. E hoje é o dia. Cerca de 90% dos formulários foram entregues. Diferente do Brasil, a pessoa que entrega não faz a entrevista. Você preenche o seu formulário sozinho. Ele (a) apenas faz perguntas básicas do tipo: "quantas pessoas vão estar nesse endereço no dia 07 de março?" e ainda: "vocês têm acesso à internet?". A primeira pergunta deve-se ao fato de que o formulário deve ser preenchido hoje, nem antes nem depois. A segunda é porque você pode fazê-lo online. Além do formulário individual, tem um formulário para a família. Esse Paul preencheu e eu só dei uma lida depois.

O engraçado é que tudo aqui gera polêmica. E a do censo diz respeito ao fato de não existir a opção "sou neozelândes". As pessoas têm que optar entre descedentes de europeus, maoris, asiáticos e outras muitas etnias. Havendo também o espaço para "outros", categoria onde eu me inclui. Muita gente reclamou. Ouvi outro dia um comentário no rádio de alguém que dizia que em qualquer lugar do mundo as pessoas têm orgulho de dizer que são daquele País. O cidadão ainda dizia assim, "até no formulário do censo da Austrália tem a opção sou neozelândes. Aqui é o único país onde não se pode dizer que se é neozelândes".

Eu, de primeiro, achei o comentário bem interessante e concordei plenamente. Mas, ontem vendo a chamada de um programa de TV, o apresentador dizia que, diferente do censo 2001, onde muitos optaram pelo "seu neozelândes", esse ano o governo poderia ter a exata noção de quem somos. Segundo eu li e ouvi, o fato de dizer de onde viemos ajuda o governo em políticas sociais e a definir o planejamento. Se for constatado, por exemplo, que 70% da população não é européia (ou descendentes) isso faz diferença para o sistema de saúde porque muda a genética da população e o tipo de doença a que estamos mais propícios etc.

Isso parece besteira, mas não é. Lembro que quando cheguei aqui qualquer picada de mosquito que eu tomava crescia um calombo (gostaram do termo médico-jornalístico? coisa de profissional!) enorme. Fica bem vermelho, inchava, demorava alguns dias para voltar ao normal. Depois, onde estava o calombo, a pele descascava. Incrível, não? Tudo porque, segundo explicação médica, meu corpo não tinha anticorpos para os mosquitos daqui. Algumas pessoas não têm qualquer reação alérgica, mas eu tive.

Voltando para o censo, eu acho que os dois pontos de vista devem ser entendidos e respeitados porque fazem bastante sentido. Se eu tivesse nascido aqui, gostaria de ter a opção sou neozelandesa, como a gente tem no censo brasileiro. Mas, entendo o ponto de vista do governo. Afinal, nem todo cidadão é nascido aqui. Acho que para resolver isso eles poderiam ter colocado a opção "nascido na NZ" e "cidadão NZ". Se a pessoa optasse pela segunda, especificaria onde nasceu. Como eu fiz no meu "outros". Sou de outra etnia não prevista não formulário, a brasileira.

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